No âmbito do Dia Mundial da Poesia, o Município relembra um dos seus poetas – Hermínio Cunha Marques
JUVENTUDE DE HOJE
Na juventude de hoje, eu creio, sim
Na sua luta e nos seus anseios,
Libertação, até nos devaneios,
Música “rock” que jamais tem fim!...
Eu acredito neles, jovens, assim,
D’olhos em frente, fitos, sem receios,
Voando em sonhos, nuvens de permeio,
Lírios do campo, flores do jardim!...
E d’alma grande, generosa e sã,
Fazer da guerra uma palavra vã,
Na Terra inteira a paz em seu redor,
Eu creio haver, sempre, um amanhã,
Na juventude em luta, com afã,
Na construção dum mundo bem melhor!...
Hermínio Cunha Marques
Poema premiado em “Jogos Florais” – 1986
BREVES NOTAS BIOGRÁFICAS
Hermínio Cunha Marques nasceu a 12 de junho de 1934, na Póvoa de Santo Amaro, freguesia de Parada, do concelho de Carregal do Sal, em cuja sede passou a residir desde tenra idade.
Fez com distinção a instrução primária na Escola Conde de Ferreira de Carregal do Sal e foi aluno brilhante do Colégio Nuno Álvares da mesma vila, onde concluiu o 2.º Ciclo dos Liceus (Antigo 5.º ano), passando muito jovem ainda (16 anos), a trabalhar nas Finanças, cuja carreira abraçou e a que se dedicou durante mais de 45 anos.
As funções de chefia (que chegou a acumular com outros cargos) e que exerceu de 1963 a 1996 (ano em que se aposentou), levaram-no a uma vida de constante nomadismo, que, todavia, nunca afetou o vincado bairrismo e amor às terras da Beira e muito especialmente a Carregal do Sal, o seu concelho.
Foi-lhe prestado público louvor “por ao longo de tantos anos ter sempre demonstrado grande empenho, dedicação e lealdade, a par de um assinalável espírito de iniciativa ao serviço da Administração Pública”.
Já nos tempos escolares manifestava o seu gosto pela escrita, denotando-se então rara sensibilidade de inspiração poética nos versos que fazia em que vários trechos então musicava e eram cantados pela juventude do seu tempo.
Também o jornalismo lhe despertou particular atenção, tendo vindo a colaborar em vários jornais, mormente de carácter regionalista (“Defesa da Beira”, “Comarca de Arganil”, “Notícias de Viseu”, “Folha de Tondela”, “Trevim” e “Página Beirã”).
Os estudos etnográficos e a investigação histórica sempre lhe mereceram carinho e dedicação especial, devendo-se-lhe os primeiros trabalhos monográficos do concelho, dos quais o primeiro foi “Carregal do Sal - No Coração da Beira”. A partir daí não mais parou… Editou vários livros e, no âmbito da poesia, seja-nos permitido destacar: “O Cônsul Português em Rimas de Acentos Humanitários”, um poema épico, em 13 capítulos e cerca de 600 estâncias sobre a vida empolgante e generosa do grande Diplomata Aristides de Sousa Mendes e o poema épico Carregalíadas” que conta, nas suas 600 estâncias, a história, ao longo de séculos, das terras e gentes deste pedaço Beirão. O “Rincão Beirão”, como gostava de lhe chamar.
A música desde sempre o arrebatou e a ela aliou a poesia e os seus versos encontram-se em danças e cantares de ranchos folclóricos, conjuntos musicais e gravações em disco, salientando-se destas aquela que dedicou ao seu concelho denominada “Carregal - Terra da Beira”.
Com vários louvores da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal de Carregal do Sal, em 1989, foi condecorado pelo Município com a Medalha de Prata de Mérito Cultural e, em 2011, foi distinguido com a Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, na cerimónia comemorativa dos 175 anos do Concelho, cabendo a entrega dessa distinção ao Presidente da República de então, Prof. Aníbal Cavaco Silva.
Foi ainda reconhecido como Académico da ALA - Academia de Letras e Artes, distinção que lhe foi concedida na Assembleia Geral de 24-02-2011, daquela Instituição, com entronização em 7 de abril do mesmo ano.